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Ainda na Itália, a revista Ultra, 1908, menciona este caso de reencarnação. A respeito, reproduz a Revista Teosofia, de Roma Um inspetor de policia do Pegu, chamado Tucker, quando perseguia uns bandidos, foi morto por um tiro à queima-roupa. Na mesma época, em outra parte do distrito, uma mulher de humilde condição dava à luz um filho. Até aqui nada de extraordinário. O maravilhoso começa no dia em que o menino, com a idade de 4 anos, entrou a dizer que era a nova encarnação do inspetor Tucker, de quem nunca se falara diante dele. Contou mais certo número de episódios da vida daquele inspetor, com tal precisão, que os parentes do morto ficaram estupefatos e afirmou a perfeita realidade dos mesmos episódios. Esses fatos atraíram uma multidão de curiosos, que vêm ouvir os discursos extraordinários do garoto. O Messager de Liège publicou, em seu número de 1910, o interessante artigo em que Henrion consigna os curiosos informes que se vão ler sobra' a revivescência da memória de uma menina de 7 anos. O fato que vamos relatar veio ao nosso conhecimento a 16 de janeiro último. Foi-nos contado pelo Sr. Courtain, maquinista aposentado da Estrada de Ferro do Estado. A família Courtain não conhecia o Espiritismo na época em que se passaram os fatos, e só em conseqüência deles se converteu àquela crença. Essa família, das mais estimáveis, morava em Pont-à-Celles e tinha entre seus filhos uma filha de 7 anos e outra de 5, chamada Blanche. Esta última, muito delicada, dizia aos pais que via Espíritos; fez, entre outras, a descrição dos avós, mortos havia mais de 15 anos antes do nascimento da neta. Os pais, que atribuíam tais visões a um estado doentio, levaram-na ao Dr. Rcels, e este, depois do interrogatório e do exame, receitou uma poção qualquer. A visita e a poção custaram 7 fr. 50. No dias seguintes, tendo necessidade de forragem para os animais, foram ao prado; a pequena Blanche, com o carrinho, ia à frente dos pais. Chegada a uma grande distância destes, parou para os esperar. Quando eles se aproximaram, disse-lhes ela, em tom resoluto: - Não tomo o remédio que o doutor receitou. - E por quê? - pergunta o pai - não hás de querer que botemos fora 7 francos e 50; é preciso tomar o remédio. - Não tomo - respondeu Blanche -; há um homem perto de mim que diz que ele me curará sem isso. Aliás, eu sei bem o que devo fazer. Também fui farmacêutico. - Foste farmacêutico? E os pais se entreolharam, assombrados, pensando que Blanche estava louca. - Sim, fui farmacêutico em Bruxelas, rua... número... Se quiser, vá ver. E ainda um farmacêutico que está lá e a porta da farmácia é pintada de branco. Os pais não sabiam mais que dizer nem que fazer, e durante algum tempo não se falou mais nisso; um dia, porém, a filha mais velha devia ir à capital e propuseram a Blanche acompanhá-la. - Sim, irei - disse ela, - e levarei minha irmã onde lhes disse. - Mas não conheces Bruxelas. - Não quer dizer nada. Quando estiver lá, serei eu quem conduzirá minha irmã. Fez-se a viagem como estava convencionada, mas, chegada à estação, a mais velha disse a Blanche - Agora, conduze-me. - Vem, é por aqui, e depois de caminharem algum tempo: -- E esta a rua, olha. A mais velha, espantada, verificou que era tudo como Blanche dissera, rua, casa, número, cor da porta; nada havia que não fosse exato. Desde então os pais estudaram o Espiritismo, e a mediunidade de Blanche se foi desenvolvendo. Ela se tornou médium de efeitos físicos, de incorporação, vidência e audição até à morte, que sobreveio depois de um acidente e de sofrimentos que duraram dois anos e meio. Acrescentemos que ela mesmo predissera a duração dos sofrimentos pelos quais sucumbiu. Para terminar, apresentemos a narrativa publicada pela maior parte dos jornais da América do Sul. (83) LEMBRANÇA DE UMA VIDA PRECEDENTE. Muitos jornais espíritas da América Latina, tais como Fiat Lux, de Ponce (Porto Rico), Constancia, de Buenos Aires, Reformador, do Rio de Janeiro, e outros, relatam um fato tanto mais interessante quanto não há possibilidade de explicá-lo sem se admitir a hipótese da reencarnação. Isto, bem entendido, se o caso está exata e fielmente narrado. (84) E verdadeiramente lamentável que não se encontre no mundo um Instituto qualquer, que disponha de meios necessários para fazer estudar um caso como este, por pessoas sérias, competentes, que gozem da autoridade científica necessária, de forma a que se possam aceitar os resultados de suas pesquisas. Na cidade de Havana, Cuba, viviam os esposos Esplugas Cabrera, que tiveram um filho, o Eduardinho, hoje de 4 anos, muito loquaz, de inteligência viva. A residência da família foi sempre na casa no 44, da rua S. José, em Havana, onde Torquato Esplugas se ocupa com uma empresa tipolitográfica, de que é co-proprietário. Foi ai que nasceu Eduardinho. Conversando a criança com sua mãe, Cecília, disse-lhe, há já algum tempo: - Mamãe, eu antes tinha uma casa diferente desta; morava em uma casa amarela, da rua Campanário no 69. Lembro-me perfeitamente. A Sra. Cabrera, no momento, não deu grande importância ao fato. Como, porém, a criança insistisse, de quando em quando, em suas declarações, os pais acabaram por lhe dar atenção, e, depois de havê-la submetido a uma série de perguntas apropriadas, obtiveram do menino as indicações seguintes: Quando vivia no na 69 da rua Campanário, meu pai se chamava Pierre Saco e minha mãe, Amparo. Lembro-me de que tinha dois irmãozinhos com os quais brincava sempre e que se chamavam Mercedes e João. A última vez que saí da casa amarela, foi no domingo, 28 de fevereiro de 1903, e minha outra mãe chorava muito, enquanto eu, nesse dia, me afastava de casa. Essa outra mamãe era muito branca e de cabelos pretos; trabalhava numa fábrica de chapéus. Tinha eu, então, 13 anos, e comprava os remédios na Farmácia Americana, porque eles ali custavam mais barato. Deixei minha bicicleta no quarto de baixo, quando voltei do passeio, e não me chamava Eduardo, como agora, mas Pancho. Diante de uma exposição tão natural e feita com firmeza estranha, por uma criança de 4 anos, os pais de Eduardo ficaram perplexos, tanto mais quanto a criança nunca estivera no número 69 da Campanário. Passado o primeiro momento de impressão, os esposos Cabrera pensaram em empreender investigações para ver o que podia existir de verdade no que dizia a criança. Muitos dias mais tarde, saíram com Eduardo e vieram ter, depois de longa volta, à casa da rua Campanário, desconhecida, assim da criança como dos pais. Quando chegaram, Eduardo a reconheceu num instante. - Olha a casa onde eu morava - gritou ele. - Então, entra - disse o pai -, se é verdade que a reconheces. A criança correu para o interior, dirigiu-se para a escada, subiu ao primeiro andar, entrou nos apartamentos, como se os conhecesse, e desceu muito pesaroso por não encontrar mais seus parentes, mas outras pessoas que não sabia quem eram. Também não encontrou os brinquedos com os quais, dizia, tanto se divertira, junto dos seus irmãos de outrora, Mercedes e João. O casal, dado o resultado da primeira tentativa, continuou as pesquisas necessárias para atingir as provas definitivas, e chegaram, finalmente, às conclusões, com o concurso de elementos oficiais: 1°, a casa no 69 da rua Campanário foi ocupada até pouco tempo, depois de fevereiro de 1903, por Antonio Saco, hoje ausente de Havana; 29, a mulher chamava-se Amparo, e do casamento nasceram três filhos, Mercedes, João e Pancho; 39, no mês de fevereiro morreu este último, pelo que a família Saco deixou a casa; 49, bem perto da casa, existe a farmácia onde o Eduardinho assegura que costumava ir. Examinando com cuidado os fatos narrados neste capítulo, parece impossível explicá-los logicamente, em seu conjunto, por outra hipótese que não seja a da reencarnação. Vimos que hereditariedade fisiológica não existe para os fenômenos intelectuais, não só porque os homens de gênio saem, as mais das vezes, dos meios menos cultivados, como porque seus descendentes não lhes herdam as faculdades. Existe uma lei de inatividade, como a formulou o Dr. Lucas no último século. O Espírito que se encarna traz, em estado latente, o resultado de seus estudos anteriores, e assim, quando as circunstâncias o permitem, certas crianças apresentam, desde a mais tenra idade, aptidões incríveis para a aquisição de conhecimentos, que exigem, nos outros seres humanos, longos anos de estudo. Entretanto, as formas da atividade humana, artística, literária, científica, etc., mostram-se com tal precocidade nas crianças-prodigio, que é realmente impossível atribuir essas pasmosas manifestações à outra coisa que não a reminiscências, porque o cérebro desses pequeninos seres, apenas formado, seria incapaz de armazenar, só por si, de reter e de coordenar as numerosas e variadas noções indispensáveis à prática dessas artes ou ciências, onde eles se revelam, desde logo, infinitamente acima da média intelectual dos homens feitos. Sem dúvida nenhuma, as crianças-prodigio são exceções, mas eu mostrei, com exemplos, que poderia ainda multiplicar, que as lembranças relativas a uma vida anterior se mostram, freqüentemente, entre as crianças, com tal abundância de pormenores, que não se lhes pode atribuir um jogo de imaginação. Na maior parte dos casos, a clarividência, fator cuja importância não se pode negar, não deve ser invocada como explicação do fenômeno, porque, para que a lucidez possa ser posta em ação, é preciso, em regra, uma causa que estabeleça uma relação entre o vidente e a cena descrita. Ora, nos exemplos citados, essa relação não existe. Mesmo entre os adultos, o fenômeno da revivescência da memória apresenta-se, por vezes, com um acúmulo de circunstâncias, independentes uma das outras, que não permitem atribuir a recordação à dupla vista do paciente. Na maior parte dos casos lembrados, não se trata mais do sentimento do já visto, porque o paciente sabe, de antemão, e descreve exatamente, o que se encontra além do alcance de sua vista; ele tem a noção clara de haver conhecido outrora essas cenas, que vê pela primeira vez. E quando tudo se pode verificar, como no caso de Laura Raynaud, no das crianças, citadas pelo Dr. Moutin e outros, não é mais possível duvidar que nos encontramos, realmente, em presença da lembrança de uma vida passada. Sem dúvida, é preciso ainda um número mais importante desses testemunhos, para que esse gênero particular de fenômenos entre definitivamente no domínio da Ciência. Os fatos são já bastante numerosos, para que os possam pôr mais de lado, e deverão ser considerados como alicerces de uma demonstração científica da realidade das vidas sucessivas. Vou passar, agora, a outra ordem de fatos, de molde a confirmar esta grande lei da evolução espiritual, que vai saindo das trevas onde a haviam confinado, e que, em breve, se tornará brilhante para todas as inteligências livres das peias dos dogmas materialistas e religiosos. CAPITULO XII OS CASOS DE REENCARNAÇAO ANUNCIADOS ANTECIPADAMENTE Existem casos em que a reencarnação foi predita com bastante exatidão, para que se lhe pudesse verificar a realidade. - A clarividência do médium não basta para explicar essa premonição. -Exemplos de crianças que dizem à sua mãe que voltarão. - Um duplo anúncio de reencarnação. - Lembrança de uma canção aprendida na vida precedente. - Um caso quase pessoal. - Uma ata de Lyon, do grupo Nazaré. - O caso de Engel. - Os dois casos contados por Bouvier. - O de Reyles. - O caso Jaffeux. - História da menina Alexandrina, narrada pelo Dr. Samona. Vimos nos capítulos precedentes que a lei das vidas sucessivas não se nos apresenta mais como simples teoria filosófica, visto que se pode apoiar em fatos experimentais, como os que se obtêm produzindo-se em pacientes apropriados à regressão da memória, que é levada além do nascimento atual. Essa memória latente, que repousa no subconsciente, pode, por vezes, remontar até a consciência normal e produzir os clarões de reminiscência, que levantam um véu no panorama do passado. Nas crianças-prodigio a ressurreição dos conhecimentos anteriores se manifesta com tanto brilho, que é impossível deixar de ver aí o despertar de conhecimentos pré-natais. Discuti as hipóteses lógicas às quais poderíamos recorrer para explicar esses casos, sem fazer intervir a reencarnação; mostrei que elas eram insuficientes. Desejo, agora, passar em revista certo número de narrativas, nas quais os Espíritos, que deviam voltar, fizeram saber previamente, e de diferentes maneiras, a intenção de retomarem um corpo terrestre. Por vezes, essas afirmações foram acompanhadas de informes precisos, referentes ao sexo e às circunstâncias nas quais se produziria a volta ao mundo. Examinarei se será possível atribuir todas essas narrativas a simples premonições ou se, pelo contrário, nelas se deve ver a intervenção de seres independentes dos médiuns. Essa prova resultará, em certos casos, da concordância que existe entre a predição que o Espírito faz do seu próximo retorno, entre nós, e, dado o renascimento, da lembrança que esse Espírito conserva de sua vida anterior. São esses diferentes aspectos do fenômeno, que vou passar agora em revista. Começo reproduzindo um artigo da Revue Spirite de 1875, página 330. Só a evidente sinceridade do narrador me leva a ter em conta o seu testemunho, porque a mãe, o que é lamentável, não se fez conhecer, e ignoramos se era espiritista. Como quer que seja, eis o fato: NOVA PROVA DA REENCARNAÇAO. 27 de agosto de 1875 Sr. Leymarie. E com satisfação que venho trazer ao seu conhecimento uma nova prova, bem evidente, da lei da reencarnação. A 23 do corrente, estava em um ônibus com a Sra. Fagard. Seu marido, nosso amigo, não pôde achar lugar no imperial. Uma senhora jovem e distinta colocara-se perto de nós; tinha nos joelhos uma encantadora menina de 15 meses, alegre, jovial, que me estendia seus bracinhos róseos. Hesitava em tomá-la, porque receava desagradar a mãe, mas, vendo-lhe um sorriso aprovador, segurei a atraente menina. Era gentil e graciosa; nessa idade as crianças são adoráveis e aquela tinha tanta amabilidade, que logo havia a disposição de estimá-la. Disse à senhora: - Não há dúvida de que deve adorá-la. - O senhor, amo-a muito. Depois, ela tem um duplo titulo a esse amor. Ficará espantado se eu lhe disser que é a segunda vez que é mãe da mesma criança; minhas estranhas palavras são a expressão da verdade, porque não estou louca, nem alucinada, e não digo nada sem provas certas. Vou explicar-me. Possuía uma deliciosa filhinha, que a morte me arrebatou aos 5 anos e meio; em seus últimos momentos, esse anjinho, vendo-me as lágrimas e o profundo desespero, disse-me essa memorável palavra: Mãezinha, não te aflijas assim, tem coragem; eu não parto para sempre, voltarei num domingo do mês de abril. Pois bem, no mês de abril e num domingo, pus no mundo a minha pequena Ninie, que o senhor tem a bondade de acariciar. Todos os que conheceram a primeira Ninie, a reconhecem na segunda. Ela só diz as palavras: papá, mamã, e na última semana, julgue a minha felicidade, a minha grande surpresa, abracei-a, pensando na outra, e lhe dizia: - Es tu a Ninie? E ela respondeu: - Sim, sou eu. Posso duvidar, senhor? |