Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos




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MICHEL LAMY
OS TEMPLÁRIOS
ESSES GRANDES SENHORES DE

MANTOS BRANCOS

Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos

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4ª edição

Notícias Editorial
NOTA DO EDITOR PORTUGUÊS
Não se sabe ao certo se, entre os primeiros nove templários que foram a Jerusalém, um deles seria do Condado Portucalense: Gondomar (ou Gondemar?). Mas supõe-se que a presença da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (mais tarde denominada por Ordem do Templo) em Portugal data de 1126, e sabe-se que os Templários estavam solidamente implantados no país em 1157, quando foi nomeado Grão-Mestre Gualdim Pais, figura emblemática que comandou a reconquista de Santarém e Lisboa, ao lado de Martim Moniz. Em 1128, D. Teresa concedeu-lhes o castelo de Soure, e como recompensa dos seus feitos guerreiros, D. Afonso Henriques outorgar-lhes-á a cidade de Tomar, bem como as terras compreendidas entre Tomar e Santarém. Foi assim que o castelo de Almourol, contemplando todo o Tejo, entrou na posse da Ordem.

É também certo que a decisão papal de extinguir a Ordem não seria bem acolhida e, em 1311, D. Dinis ordenou o levantamento de um processo, que decorreu em Salamanca, para averiguar a culpabilidade dos templários da Península Ibérica. Os templários portugueses seriam ilibados. Logo depois, D. Dinis enviou ao papa João XXII dois emissários para negociarem o renascimento da Ordem do Templo. Surgiu a Ordem de Cristo, de que foi investido Grão-Mestre Gil Martins (em 15 de Março de 1319), e cujos cavaleiros usavam um hábito idêntico ao dos templários: apenas uma cruz branca inscrita dentro da cruz vermelha (para assinalar a pureza da instituição ressurgida) os distinguia. Os dignatários do Templo conservaram os seus lugares na nova Ordem, que alojou também muitos templários refugiados, de França e outras nações europeias.

É em Tomar que encontramos uma maior concentração de bastiões da Ordem, contributos inestimáveis para o nosso patrimônio arquitetônico. E o caso do castelo de Tomar (também chamado dos Templários), que estaria unido por passagens subterrâneas à Igreja de São João Baptista (santo venerado pela Ordem, que nos seus templos e capelas conta com inúmeras representações de baphomets - cabeças degoladas) e à Igreja de Santa Maria do Olival, onde Gualdim Pais foi sepultado. O seu túmulo, ao que se sabe, está vazio - mais um enigma para a constelação dos mistérios do Templo.

A arte gótica, segundo Michel Lamy, terá sido introduzida pelos Templários, que se associaram a mesteirais cagots, possuidores de segredos de construção e dos trabalhos em pedra (possíveis antecessores dos «pedreiros-livres» ou franco-maçons). O estilo manuelino será, em Portugal, o herdeiro direto do gótico e o seu grande expoente é o Convento de Cristo, cripta da Ordem de Cristo, após se ter instalado por alguns anos em Castro Marim e ter regressado à original sede do Templo. Na charola do Convento de Cristo encontramos a disposição octogonal, fiel à cosmologia da época e representando o hemisfério celeste. Os Templários, e os seus herdeiros Cavaleiros de Cristo, teriam desenvolvido os conhecimentos de astrologia e astronomia (as duas ciências, como se sabe, eram indissociáveis) que lhes serviram para iniciar a aventura dos Descobrimentos. A esfera armilar, na famosa Janela do Capítulo, lá está para nos lembrar o papel dos Cavaleiros nas Descobertas, assim como o ângulo de 34º que encontramos nos vértices das fachadas das capelas góticas, que será o ângulo que a constelação de Cão Maior faz com a Taça (Graal) e com Leão, conforme representado no baixo-relevo da Igreja de São João Baptista. Esta estará ainda ligada por subterrâneos a um outro monumento de Tomar, o Convento de Santa Iria, onde se observa um boi esculpido na pedra (Constelação do Boieiro), herança visigótica de que a Ordem do Templo se terá apropriado. No plano arquitetônico, há também que realçar o «olho de boi» sobre a Janela do Capítulo, de que se diz indicar a direção do ovo alquímico, que serviria para a transmutação do metal em ouro e que, juntamente com a carga trazida das viagens marítimas à Terra Nova, seria a explicação do tesouro templário, misteriosamente desaparecido e talvez depositado em... Tomar.

Podemos não dar crédito a todas estas suposições (ao ponto de nos parecer, lendo as obras dos que investigaram os «segredos» dos Templários, que a Ordem seria uma espécie de súmula das mais variadas e díspares esotéricas de todo o Mundo, sendo quase impossível encontrar um fio de coerência). Mas parece inegável que os Templários e a Ordem de Cristo desempenharam um papel fundamental nos Descobrimentos Portugueses. Diz-se de D. Dinis, o grande defensor da continuação da Ordem, que estaria «iniciado» nos segredos templários... E não foi ele o «plantador de naus a haver», segundo a Mensagem de Fernando Pessoa, último Cavaleiro de Rosa-Cruz, essa Ordem da cruz mística que muitos julgam herdeira dos Templários?

O grande impulsionador das Descobertas foi D. João, mestre de Aviz, e sabemos que a Ordem de Avis estava intimamente ligada a Calatrava e, portanto, ao Templo. Assim, também, as primeiras caravelas ostentavam o pavilhão da Cruz de Cristo, e o Infante D. Henrique, se não era Mestre, era pelo menos governador da Ordem de Cristo. Finalmente, e sem esgotar os grandes nomes da história nacional que estariam ligados a uma pretensa «missão templária», o último rei de Avis foi D. Sebastião, o Desejado, dominado pelo sonho megalômano do Império «onde nunca o Sol se põe» (era, indiscutivelmente, objetivo dos Templários ligar ao Ocidente o Oriente). E foi D. Sebastião que ordenou ao D. Pedro Álvares que escrevesse a história da Ordem de Cristo, Compilação das Escrituras da Ordem de Cristo, ordenada por Alvará d’ El Rei D. Sebastião, de 16 de Dezembro de 1560. Nesta obra, em vários volumes, conta-se «que a Igreja de Santa Maria do Olival era a única paroquial Igreja de toda a terra de Thomar e Ceras e que o vigairo dela era representado pelo Mestre e Convento sem instituição nem autoridade doutrem», «que a Ordem de Cristo se pode chamar a Ordem do Verdadeiro Templo», e que «parece que o dito Infante D. Henrique soube do tempo da sua morte e como se preparou para ela», entre outras várias «histórias» que valerá a pena esmiuçar-se se se quiser traçar o percurso dos Templários em Portugal, que parece ser indissociável da consolidação e afirmação da nossa nacionalidade.

Vemos, pois, que Portugal esteve decisivamente envolvido na implantação e preservação da Ordem do Templo, o que Michel Lamy deixa entrever na sua obra. Esta nota e a documentação iconográfica selecionada para ilustrar a obra, pretendem fornecer algumas pistas para quem deseje prosseguir um estudo sobre a ação dos Templários em Portugal.
ADVERTÊNCIA
A história da Ordem do Templo é um terreno escorregadio que provoca desconfianças aos universitários atuais. Demasiado enigmático, demasiado ligado ao esoterismo para não desagradar aos apoiantes da escola quantitativista, suscita muito poucas vocações em comparação com o que aconteceu outrora. No entanto, deu origem, ao longo dos tempos, a inúmeras obras de qualidade. Investigadores de todos os horizontes tentaram compreendê-la, contribuindo com a luz que era própria da sua formação ou do seu empenhamento político.

Por que razão acrescentar mais um livro aos milhares já publicados em todo o mundo e que estudam pormenorizadamente a vida dos cavaleiros do Templo nas suas Comendas, as operações militares que realizaram, a sucessão dos seus Grão-Mestres, a sua alimentação, as suas armas, etc.?

Se se tratasse apenas disso, bastaria efetivamente remetermo-nos para as muito boas obras de John Charpentier, Albert Ollivier, Georges Bordonove, Marion Melville, Raymond Oursel, Alain Demurger e muitos outros. Mas essas obras, por mais sérias que sejam, não resolvem todos os enigmas que a Ordem do Templo levanta.

Muitos investigadores se dedicaram às zonas de sombra desta história, com maior ou menor felicidade, maior ou menor loucura, é preciso dizê-lo. Nem todas as suas hipóteses são fiáveis, mas muitos deles trouxeram o seu quinhão de luz a um tema que tinha muitos espaços de trevas. São necessários nomes como os de Louis Charpentier, Daniel Réju, Gérard de Sède, Gilette Ziegler, Guinguand, Weysen, para desbravar as veredas da História Secreta, por mais perigosas e assustadoras para o caminhante que sejam.

Porque, finalmente, digam o que disserem determinados historiadores encartados, a criação da Ordem do Templo continua envolta em mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão. Inúmeros locais ocupados pelos Templários apresentam particularidades estranhas. Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos, de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.

As diversas hipóteses formuladas contêm, sem dúvida, muito mais partes de sonho do que fatos provados, mas, mesmo por detrás das mais loucas, há muitas vezes parcelas de verdade que há que pôr a claro, por muito que desagrade aos racionalistas inveterados.

No que a isto respeita, convém determo-nos, por breves instantes, num caso curioso: o de Umberto Eco. Depois do seu êxito mundial, O Nome da Rosa, este universitário italiano vendeu vários milhares de exemplares de uma outra obra: O Pêndulo de Foucault. Nela, amalgama a seu bel-prazer tudo o que se relaciona com o esoterismo e os Templários, acumulando citações desinseridas do seu contexto, truncando-as de forma a adulterar as teses apresentadas; em resumo, utilizando processos bem conhecidos da desinformação. O objetivo de Umberto Eco parece ter sido ironizar, troçar de todos quantos procuram a verdade fora dos caminhos muito trilhados, o que, no entanto, é, em certa medida, também o seu caso. Encarniçou-se especialmente contra aqueles que se interessam pelos mistérios dos Templários: uns loucos! Por três vezes, é a frase que põe na boca de uma das suas personagens: «Desde o tempo em que eles [os Templários] haviam sido enviados para a fogueira, uma multidão de caçadores de mistérios procurara encontrá-los em todo o lado, e sem nunca apresentar a menor prova» - «Quando alguém repõe em jogo os Templários, é quase sempre um louco» - «Mais tarde ou mais cedo, o louco põe os Templários em jogo» - «Também há loucos sem Templários, mas os loucos dos Templários são os mais insidiosos» - «Os Templários continuam a ser indecifráveis devido à sua confusão mental. É por isso que tantas pessoas os veneram.»

Pois bem, assim seja. Convido todos quantos se interessam pelos Templários a partilharem um pouco de loucura comigo, na investigação dos mistérios da Ordem do Templo. Deixemos Umberto Eco entregue ao seu psicanalista, para que este lhe explique o que o levou a ler centenas de obras a que não atribui qualquer crédito e que procura ridicularizar.

Corramos antes o risco de, em conjunto, nos aventurarmos por caminhos não balizados, mesmo que possamos perder-nos neles. Tentemos esclarecer, de passagem, os mistérios das origens da Ordem e a influência de São Bernardo. Interessemo-nos pela colossal potência econômica e política que a Ordem do Templo representou e pelos meios que empregou, pelas fontes da sua riqueza. Investiguemos se foi herética e que cultos estranhos foram eventualmente praticados no seu seio. E, para tal, dediquemo-nos a examinar os vestígios que os Templários nos deixaram, nomeadamente gravados na pedra. Interroguemo-nos sobre a origem do impulso que deram à arquitetura da sua época e sobre as fontes dos seus conhecimentos nesta matéria. Procuremos na sua prisão e no seu processo as chaves mais misteriosas. Estudemos o que pode sobreviver desta Ordem e, por fim, visitemos alguns locais onde podemos respirar o odor estranho da sua presença e procurar os sinais tangíveis daquilo a que se convencionou chamar a História Secreta dos Templários.

Mas, antes, refresquemos por um instante os nossos conhecimentos, passando em revista os dois séculos da história da Ordem, de modo a adquirirmos assim os pontos de referência necessários para a análise da sua evolução no tempo.

PRIMEIRA PARTE
O NASCIMENTO DA ORDEM DO TEMPLO
I
BREVE HISTÓRIA DA ORDEM DO TEMPLO
Esta obra não tem a ambição de retomar toda a história da Ordem do Templo sob o ângulo dos acontecimentos fatuais, mas sim de esclarecer as suas zonas mais obscuras. No entanto, para compreender o que se passou, há que ter presente no espírito que esta Ordem viveu dois séculos e evoluiu necessariamente. À data da sua morte, não podia ser idêntica ao que era à nascença. Mudou porque o seu ideal se viu confrontado com duras realidades. Teve de se adaptar, uma e outra vez, tomar em mão as questões temporais, perdendo sem dúvida, ao longo dos anos e das necessidades, uma parte da sua pureza original, tal como um adulto que por vezes tem dificuldade em encontrar em si a criança maravilhada, o minúsculo ser de olhos puros que, no entanto, foi.

A Ordem do Templo foi influenciada pelo seu tempo, mas este modificou-a, orientou-a, contribuindo para a História com as suas próprias correções.

Para nos orientarmos nesta evolução, pareceu-nos útil apresentar, de forma muito breve, neste primeiro capítulo, uma história breve dos Templários e, sobretudo, da sua época.
Nos caminhos de peregrinação
Recuemos no tempo até ao final do século X. Na nossa época, temos dificuldade em imaginar o que foram os terrores do ano 1000. A interpretação das escrituras convencera toda a cristandade de que o Apocalipse se produziria nesse ano fatídico. Revelação, no sentido etimológico do termo, mas também destruição, dor: regresso de Cristo à terra e julgamento dos homens, separação entre eles para mandar alguns para o paraíso, para junto dos santos, e os outros para os infernos, a fim de aí serem submetidos a tormentos eternos.

Os cristãos viveram com angústia esse ano 1000 e a sua aproximação. E nada se passou, pelo menos nada pior do que nos anos precedentes. A Igreja enganara-se na sua interpretação das Escrituras? Deus teria esquecido os seus filhos na terra? Não, claro que não. Era algo diferente. A catástrofe fora evitada. Deus fora tocado pelas preces dos homens. Perdoara. Sim, mas por quanto tempo? E se apenas se tratasse de um adiamento? Era preciso rezar, cada vez mais, rezar sempre.

No século anterior, os cristãos tinham-se feito à estrada para irem em peregrinação a locais onde estavam enterrados santos. Estes últimos haviam, sem dúvida, intercedido em favor dos homens e Deus deveria ter-se deixado convencer. Um dos mais eficazes deveria ter sido Santiago que, de Compostela, atraía milhares de homens e mulheres que deixavam a sua família, o seu trabalho, abandonando tudo para irem rezar àquele local da Galiza onde a terra acaba.

Tinha-se passado perto da catástrofe final, as fomes de 990 e 997 eram prova disso. Tinha-se evitado o pior, o método já era conhecido: era preciso cada vez mais que os homens se fizessem à estrada, que os monges rezassem, que todos fizessem penitência. Não seria conveniente ir mais longe, realizar a suprema peregrinação, a única que merecia verdadeiramente a viagem de uma vida: ir aos lugares onde o filho de Deus sofrera para resgatar os pecados dos homens, Jerusalém?

Michelet escreveu: «Os próprios pés conheciam o caminho», e John Charpentier faz notar: Feliz aquele que regressava! Mais feliz aquele que morria perto do túmulo de Cristo e que podia dizer-lhe, segundo a audaciosa expressão de um contemporâneo [Pierre d'Auvergne]: Senhor, morrestes por mim e eu morri por vós.

Multidões cada vez mais numerosas puseram-se a caminho de Jerusalém. A cidade pertencia aos califas de Bagdade e do Cairo que permitiam o livre acesso aos peregrinos. Mas tudo mudou quando os Turcos se apoderaram de Jerusalém, em 1090. De início, contentaram-se com vexar os cristãos e, por vezes, espoliá-los, infligindo-lhes humilhação atrás de humilhação, obrigando-os a executarem gestos contrários à sua religião. De escalada em escalada, a situação agravou-se: houve execuções, torturas. Falou-se de peregrinos mutilados, abandonados nus no deserto. De Constantinopla, o imperador Alexis Comnène lançara o sinal de alarme.
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